(*) Marcelo Nova
Até hoje as pessoas me perguntam se prefiro ouvir musica através de CD’s ou LP’s. Respondo que a minha paixão é a música em si, de modo que os veículos utilizados para formatá-la naturalmente ficam em segundo plano, mas tenho a convicção de que o problema do mercado fonográfico brasileiro não se restringe a veículos, mas principalmente a quem os dirige.
Ao longo da minha carreira tenho tido a chance de confrontar os meus interesses artísticos com os de natureza comercial das gravadoras. É necessário estômago. Se por um lado tive a chance de trabalhar com diretores de gravadoras, como André Midani, cujo espírito empreendedor e administrativo era sustentado pela sua inteligência, cultura e vasto conhecimento do mundo da música, também tive de lidar com outros de mentalidade fenícia, mercadores baratos, apesar da enorme quantidade de ouro que ostentam em forma de anéis, correntes e pulseiras. Verdadeiros bicheiros, orgulhosos da sua própria cafonice elevada em nível de status, gente que coloca em prática apenas o mercantilismo do populacho, que se acomoda a sua própria falta de gosto, que satisfaz sua vaidade grotesca, que diz o que já está farto de dizer e que se distrai, quando depois da ceia, enjoado por ter comido demais nas churrascarias, alivia seus gases, junto com seus pensamentos.
Lembro- me que Oscar Wilde escreveu há mais de cem anos atrás: "A arte não tem obrigação de ser popular, o público é quem ao contrário deveria esforçar-se para ser artista." Hoje eles responsabilizam a pirataria pelo estado gravemente enfermo no qual se encontra a indústria. Um deles me disse que eu também sou prejudicado, pois muitos baixam minhas canções na Internet. Que baixem, pois se baixam é porque não as ouvem tocar no rádio. Não foi apenas a pirataria o fator desencadeador dessa crise. Foi a ganância aliada a incompetência e a um profundo desamor pela música. Vivo de música há vinte e seis anos, através dela sustento a mim e a minha família. Trato-a com respeito.
* Marcelo Nova é compositor e músico profissional desde 1980.
Até hoje as pessoas me perguntam se prefiro ouvir musica através de CD’s ou LP’s. Respondo que a minha paixão é a música em si, de modo que os veículos utilizados para formatá-la naturalmente ficam em segundo plano, mas tenho a convicção de que o problema do mercado fonográfico brasileiro não se restringe a veículos, mas principalmente a quem os dirige.
Ao longo da minha carreira tenho tido a chance de confrontar os meus interesses artísticos com os de natureza comercial das gravadoras. É necessário estômago. Se por um lado tive a chance de trabalhar com diretores de gravadoras, como André Midani, cujo espírito empreendedor e administrativo era sustentado pela sua inteligência, cultura e vasto conhecimento do mundo da música, também tive de lidar com outros de mentalidade fenícia, mercadores baratos, apesar da enorme quantidade de ouro que ostentam em forma de anéis, correntes e pulseiras. Verdadeiros bicheiros, orgulhosos da sua própria cafonice elevada em nível de status, gente que coloca em prática apenas o mercantilismo do populacho, que se acomoda a sua própria falta de gosto, que satisfaz sua vaidade grotesca, que diz o que já está farto de dizer e que se distrai, quando depois da ceia, enjoado por ter comido demais nas churrascarias, alivia seus gases, junto com seus pensamentos.
Lembro- me que Oscar Wilde escreveu há mais de cem anos atrás: "A arte não tem obrigação de ser popular, o público é quem ao contrário deveria esforçar-se para ser artista." Hoje eles responsabilizam a pirataria pelo estado gravemente enfermo no qual se encontra a indústria. Um deles me disse que eu também sou prejudicado, pois muitos baixam minhas canções na Internet. Que baixem, pois se baixam é porque não as ouvem tocar no rádio. Não foi apenas a pirataria o fator desencadeador dessa crise. Foi a ganância aliada a incompetência e a um profundo desamor pela música. Vivo de música há vinte e seis anos, através dela sustento a mim e a minha família. Trato-a com respeito.
* Marcelo Nova é compositor e músico profissional desde 1980.