sexta-feira, 26 de março de 2010

O rock e a literatura


A revista Veja publicou em suas Páginas Amarelas (edição de 17/Fev/2010), entrevista (O pensador do pop) comandada pelo repórter Jerônimo Teixeira com o escritor inglês Nick Hornby, como citado na revista, um dos principais nomes da ficção inglesa contemporânea. Ele é autor de dois grandes sucessos das livrarias: Alta Fidelidade e Um Grande Garoto.

O que chama a atenção na entrevista é o ponto de vista de Hornby em relação à música, particularmente, ao rock’n’roll. Para ele, “o rock agora é como a literatura: existe uma biblioteca estabelecida. Você ouve o que está sendo feito hoje, e se dá conta de que algumas coisas se parecem com Jimi Hendrix ou Pink Floyd, e volta a escutar esses músicos. Sei que os jovens fazem isso: estão ouvindo Jimi Hendrix como quem lê Flaubert.”

Este tema já foi foco de abordagem aqui no blog da ART ROCK (ver artigo O Rock Acabou no arquivo). O rock sempre esteve atrelado à rebeldia, o rock sempre esteve acompanhado por algum movimento, seja ele político, social, humanístico, comportamental, etc. de modo que o movimento como um todo impulsiona as pessoas a aderirem a uma idéia.

Aquilo que o rock retratou nas décadas passadas, hoje é retratado pelo Hip-Hop e pelo Rap. Por esse ângulo, constata-se que o rock acabou, restando realmente os grandes clássicos, das grandes bandas, e a comparação que Hornby faz entre o rock e a literatura é certeira. Se existe uma biblioteca clássica, da mesma forma, existe uma discoteca clássica. Assim como a literatura clássica não é atraente aos jovens, os clássicos do rock também não são. A garotada não conhece essas bandas! Seria preciso muita divulgação, coisa que a mídia não nem pensa em fazer. Se observarmos o perfil da garotada que perambula pela tradicional Galeria do Rock, é fácil constatar que eles desfilam com camisetas de bandas “emo”, mas que não são consumidores dos discos das bandas que gostam. No máximo, baixam as músicas pela internet para ouvir no IPod, celulares... Este é o perfil que faz parte dessa geração.

Fim das lojas
Perguntado se o IPod e a música em formato digital mudaram o modo como o ouvinte se relaciona com a música, Hornby responde que “sim, foi uma mudança completa, e não sei ainda se para o bem ou para o mal. Há inúmeras comunidades organizadas em torno da música no mundo virtual, mas esse intercâmbio não existe mais no mundo real. Em Londres, pelo menos, (sic) não dá mais para ir a uma loja de discos para se encontrar com pessoas que tenham gosto musical similar ao seu. Esse tipo de loja, que eu retratei em Alta Fidelidade, não existe mais - aliás, seria impossível escrever esse livro nos dias de hoje...”

Infelizmente, esse processo que já se concluiu em Londres ( e em outras tantas capitais pelo mundo), está caminhando a passos largos em São Paulo. Em breve, a extinção das lojas irá privar essa comunidade que ainda resta de se encontra, trocar idéias, comprar um disco, um prazer que está indo embora levado pelo vento. Sem renovação, a população roqueira está envelhecida, sem novidades as pessoas não têm mais o que comprar. E aquilo de bom que existe e produzido nas décadas de 60 e 70, mas que não alcançou grande repercussão na época, a grande maioria das pessoas não conhecem, e também não tem muito interesse em conhecer.

A ART ROCK assim como as demais lojas que compõem o Espaço do Rock da Galeria Nova Barão, trabalham arduamente para manter viva a chama roqueira. Não é tarefa fácil porque estão diante de uma configuração que tudo sopra contra, desde as dificuldades em adquirir mercadorias boas a preços justos até os custos (aluguel, impostos, sem dizer que o lojista vive da venda).

Fazendo um paralelo com a comparação de Hornby em relação à literatura e o rock, quais grandes desses escritores da literatura universal você poderia gostar muito, mas não os conhece? Será que com as bandas de rock não é o mesmo caso? Para manter a chama do rock acesa é preciso combustível, e esse combustível é o consumo. Não tem jeito. E há também as comprar feitas nas lojas virtuais, cada compra dessas serve como um golpe nas lojas físicas, colaborando mais ainda para o fim delas.
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segunda-feira, 22 de março de 2010

JORNAL DA TARDE faz matéria com a ART ROCK




O Jornal da Tarde publicou hoje (22/03/2010) uma reportagem super legal sobre a ART ROCK tendo como pano de fundo a própria Galeria Nova Barão como um espaço alternativo cultural.

Esse fato nos deixa muito feliz, pois sabemos das inúmeras dificuldades que enfrentamos para tornar o Espaço do Rock um lugar atraente para todos que o visitam.

Gostaria de agradecer a Kátia e ao Carlos por acreditarem e investirem no Espaço do Rock através da Big Papa Record’s, e na busca incansável para torna o lugar cada vez melhor.

Abaixo, leia a íntegra da matéria escrita pelo repórter Marcelo Moreira.

Galeria do rock lado ‘b’


Com instituto cultural, Nova Barão quer atrair ‘órfãos’ do espaço que faz sucesso na TV

Marcelo Moreira, marcelo.moreira@grupoestado.com.br


Uma feira itinerante de compra, venda e troca de LPs e CDs e jam sessions com músicos famosos uma vez por mês regadas a cerveja gelada. Essas são as primeiras atividades do “instituto cultural informal” formado pelas lojas da Rua Alta da Galeria Nova Barão, no centro de São Paulo.

Enquanto a famosa Galeria do Rock se torna “personagem” da novela Tempos Modernos, da TV Globo, e acentua cada vez mais a sua nova vocação de shopping center de novas tendências de comportamento e moda,

as 11 lojas vinis e CDs da Nova Barão começam a se movimentar para transformar o seu espaço na alternativa para os órfãos do rock tradicional.

A ideia da criação de um instituto cultural na Rua Alta não é nova e pode sair formalmente até o final de 2010. Enquanto isso, o casal Kátia Pimentel e Carlos Suárez, da Big Papa Records, e os irmão Cláudio e Márcio Morais, da Art Rock, lideram o movimento para atrair os amantes de música descontentes dos rumos que a Galeria do Rock original, entre as rua
s 24 de Maio e São João, tomou em direção ao mundo fashion.

“Fui o primeiro a chegar aqui, há dez anos, e mantenho a loja como um ponto de encontro de amigos que gostam de ouvir um bom rock e tomar cerveja”, diz Cláudio Morais, engenheiro químico psico-pedagog
o que toca a Art Rock com irmão Márcio, jornalista e professor. “Em que outro lugar é possível juntar gente legal, com bom gosto, tomar cerveja e ouvir rock progressivo?”

Já Kátia e o norte-americano Suárez, da Big Papa, são os mentores do projeto em si do instituto cultural e os coordenadores da primeira feira itinerante de troca, compra e venda de LPs de São Paulo. Eles ainda promovem sessões de música no interior da loja, que vende gravuras e pinturas de artistas sem espaço para expor seus trabalhos.


Migração

As 11 lojas do bulevar da Rua Alta devem se tornar 13 até o meio do ano. Lojistas tradicionais da Galeria do Rock têm esp
aços reservados no local, já prevendo a possível decadência da venda de música no tradicional reduto de roqueiros da cidade.

É o caso dos sócios Fausto Mucin e André Mesquita, da Die Hard, especializada em heavy metal e rock clássico. Os dois já compraram uma loja na Nova Barão. “O público atual não tem o mesmo apreço pela música e se contenta com arquivos simples de áudio no computador. E esse é o público atual da Galeria do Rock”, diz Mucin, que não tem data para migrar. “Enquanto der, vamos ficando, mas uma
hora teremos de tomar uma decisão. O aluguel na Nova Barão é um terço do que pagamos hoje aqui. Quando o consumo de música for se tornar uma coisa ‘cult’ deveremos ir para lá.”

Embora predominem as lojas especializadas em rock e em venda de vinis, o conceito cultural é mais amplo - pelo menos essa é a ambição de quem trabalha ali. A Big Papa, por exemplo, tem um acervo bastante interessante de CDs e LPs de jazz e música brasileira em geral, atraindo aficionados estrangeiros, como a estudante canadense Sarah Anton, frequentadora assídua das lojas e fã de Gal Costa e
Maria Betânia.

“Venho pelo menos duas vezes por mês aqui e sempre encontro o que quero. Agora sou ‘sócio’ da Art Rock”, brinca Celso Capanema, consultor em tecnologia. Ricardo “Cachorrão” Flávio é outro que adora passar tardes de sábado passando por todas as lojas. “Conheço pessoas diferentes, ouço boa música, ensino meu filho a escutar coisa boa e me divirto tomando cerveja. Bom
demais.”U



terça-feira, 9 de março de 2010

O astro das várias lentes



Elton John é um dos maiores nomes do rock’n’roll de todos os tempos. Esta afirmação pode causar arrepios em muitos roqueiros, mas nem sempre a verdade agrada. É verdade que o astro inglês vive uma fase mais romântica, e até mesmo nostálgica, pois inúmeros sucessos dele vêm do passado.

Elton John nasceu em 25 de março de 1947. Na adolescência integrou uma banda chamada Bluesology. Reginald Kenneth Dwight é seu nome verdadeiro e “Elton John” é o nome artístico extraído dos nomes de dois integrantes daquela banda: Elton Dean (saxofonista) e Long John Baldry (líder da banda).

O primeiro álbum Empty Sky, de 1969, não chegou a fazer sucesso, mas colaborou para esquentar a carreira do astro. Na sequência, lançou Elton John (este disco contém a clássica Your Song), Tumbleweed Connection, Madman Across The Water, Honky Chateau e Don’t Schoot Me I’m Only The Piano Player. Todos os álbuns lançados até então ainda não faziam o sucesso esperado pelo compositor, ainda mais por se tratar de uma fase na história do rock em que achar um espaço na cena quando as luzes estão voltadas para Led Zeppelin, Black Sabbath, bandas que explodiram logo de cara nos primeiros álbuns, não era tarefa fácil.

Mas, em 1973, John acertou a mão com o lançamento do mais badalado álbuns de sua carreira, o disco que o revelou para todo o mundo: Goodbye Yellow Brick Road. Há quem afirme que o disco de 1975, Captain Fantastic and the Brown Dirt Cowboy foi ainda melhor, mas o fato é que Goodbye foi o disco que acendeu Elton John as alturas do rock’n’roll. Talvez, pode não ter sido o melhor, mas certamente foi o mais importante. Ainda na década de 70 ele lançaria mais cinco álbuns!

Passado essa fase, Elton John perambulou de estilos em estilos até novamente acertar a mão, só que desta vez para reerguer a carreira, cujo rumo estava meio sem direção. Em 1992, lançou The One, o álbum foi considerado um dos melhores do ano em todo o mundo.

Elton John é daqueles artistas plurais, isto é, não se prende a um estilo e fica nele insistentemente, mesmo sentindo que não está dando mais certo. Ousa em inovar e tentar novas músicas, novos públicos. David Bowie e Rod Stewart também seguiram nessa linha. E todos se deram muito bem!

Goodbye Yellow Brick Road e Captain Fantastic and the Brown Dirt Cowboy são dois disco entre os 100 melhores do século XX em ranking realizado pela revista americana Rolling Stone.

Tá bom!