segunda-feira, 25 de junho de 2012

U2 completa 35 anos palcos, mas sem perspectivas.



MARCELO MOREIRA

Um baterista enfezado e com cara de mau queria porque queria ser punk aos 16 anos de idade e decidiu montar uma banda na cozinha da sua casa. E decidiu que ele seria o líder e que mandaria em tudo, escreveria as músicas, letras e escolheria o figurino. Colocou cartazes na escola procurando guitarristas, baixista e cantor.

Só três atenderam ao chamado. Para seu azar, aquele moleque feio e com cara de mais enfezado ainda decidiu naquela cozinha minúscula que ele seria o líder e que definiria o conceito da banda. Os outros dois concordaram. “Fui líder da minha banda por aproximadamente cinco minutos”, costuma dizer com uma ponta de sarcasmo Larry Mullen Jr, o baterista do U2.

Foi na cozinha da casa dele, em Dublin, em 1976, que Paul Hewson assumiu as rédeas do pretenso grupo punk irlandês qiue se tornaria um gigante do mercado musical dez anos depois e a única banda a rivalizar em venda de ingressos e megalomania com os Rolling Stones 20 anos depois. Hewson logo em seguida o nome artístico de Bono Vox. Em 1977, o quarteto finalmente estrearia nos palcos e começaria a se tornar profissional.

O quarteto completa 35 anos de atividade ininterrupta nos palcos e sem mudança de formação de forma discreta. Não há nada programado para lembrar a data – pelo menos nada anunciado até agora.

O baú de preciosidades aos poucos vem sendo esvaziado desde 2000 com o lançamento de coletâneas com material inédito e reedições de álbuns dos anos 80 com CDs bônus. O que esperar então da banda para este ano.

Jornais irlandeses especulam sobre a possibilidade de lançamento de shows raros da banda nos anos 80 e 81 em áudio e DVD. Sabe-se que esse matrial existe e que é praticamente inexplorado, justamente a fase mais “punk” e raivosa do U2.

Ainda que as apresentações daquela época retratem o quarteto com muita energia, mas ainda sem aquela identidade que faria do U2 um monstro do rock após “War” e “Unforgettable Fire”, são registros históricos valiosos.

Ali os garotos tentavam superar a decadência do movimento punk elevando o volume dos amplificadores e buscando uma alternativa às letras de contestação sem perspectivas de algumas das bandas da época. Estava claro para eles que o Clash era o caminho, em termos líricos, e foi nas extensas turnês daquele biênio que o U2 moldou o som e os temas que viriam a predominar nos três álbuns após “October”.

Os colecionadores e fãs mais ardorosos já sabem que pelo menos duas apresentações de 1981 – em Amsterdã, na Holanda, e em Toronto, no Canadá – têm qualidade ótima de áudio, mas a dúvida é se há imagens decentes destes shows.

Outra alternativa seria lançar, de forma oficial, em CD, com qualidade digital, o LP pirata “2 Sides Live”, gravado ao vivo no Paradise Theatre, em Boston, nos Estados Unidos, em 6 de março de 1981. Dessa época, é o melhor bootleg, com qualidade boa de áudio. Mas a dúvida persiste: foi registrado em vídeo? Se foi, esse vídeo, tem qualidade?

Alheia a isso, a banda está oficialmente de férias neste momento, embora Bono tenha afirmado à revista Rolling Stone norte-americana em dezembro passado que logo os trabalhos de composição para um eventual novo álbum começariam, mas que também haveria a possibilidade de a banda chegar ao fim por “falta de perspectivas”.

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