quinta-feira, 7 de junho de 2012

Quem criou o heavy metal? Acerta quem diz Blue Cheer




MARCELO MOREIRA

Quem inventou o heavy metal? Essa é a pergunta mais inconveniente do rock, quase tão infame como aquela básica: “Qual a origem do universo? De onde viemos”? As teorias são muitas, mas falta credibilidade para quase todas elas. Então a questão vira briga de arquibancada, com zero de razão e tudo de paixão.

O lugar comum diz que o surgimento do Led Zeppelin, em outubro de 1968, é o inicio do heavy metal. Na mesma época, os Beatles soltavam o famoso “Álbum Branco”, que trazia a obra-prima “Helter Skelter”, que muitos consideram a primeira música pesada da história.

Os radicais preferem cravar 13 de fevereiro de 1970 como a data de nascimento do metal, dia em que foi lançado “Black Sabbath”, álbum intitulado da banda homônima de Ozzy Osbourne e Tony Iommi.

Já os “arqueólogos” do rock gostam de citar o lançamento do compacto “You Really Got Me”, dos Kinks, no começo de 1964, como o marco zero da música pesada – assim como “I Can’t Explain”, do Who, do final deste mesmo ano, nascia o marco zero do punk rock.

Eu prefiro seguir uma outra linha, até em homenagem a um baixista que morreu em 2009 e que integrou aquela que provavelmente foi a primeira banda integralmente pesada dos anos 60 – e do rock, em geral.

O Blue Cheer é cria do baixista Dickie Peterson e surgiu em San Francisco, na Califórnia, em 1966, bem no comecinho da era hippie e do flower power. Só que, radicais como eram, o então quinteto já adotava uma postura metaleira e tocava muito alto, com muita distorção, a ponto de destroçar os amplificadores.

As letras comuns do rock, falando de garotas, carros, bebedeiras e sacanagem em geral, conviviam com os temas soturnos, negativos e pesados. E foi como um trio que no fim de 1967 gravaram rápido e lançaram em janeiro de 1968 o primeiro álbum, “Vincebus Eruptum”, que trazia uma versão para “Summertime Blues”, de Eddie Cochrane, imortalizada na versão pesadíssima e suja do Who ao vivo.

A versão do Blue Cheer era mais pesada ainda, com toneladas de peso e muitos efeitos de guitarra. Peterson era o baixista e vocalista, sendo que a formação clássica era completada por Paul Whaley na bateria e Leigh Stephens na guitarra.

“Vincebus Eruptum” é considerado nos Estados Unidos como primeiro álbum de heavy metal da história. Peterson nunca escondeu que suas influências principais foram o Jimi Hendrix Experience – especialmente a apresentação do Monterey Pop Festival, em 1967 – o Who e o Cream.

Dickie Peterson costumava dizer que o Blue Cheer não fazia nada demais. “Nós pegávamos o blues e o distorcíamos até se tornar irreconhecível. Parece que fomos os primeiros a fazer isso com tamanha competência…”

Seja por desconhecimento, ou mesmo por falta de informação – na verdade, uma checagem de datas –, alguns críticos ingleses citam de vez em quanto “In-A-Gadda-Da-Vida”, o segundo álbum de estúdio da banda Iron Butterfly, lançado em meados de 1968.

Tanto o álbum como a música-título são bastante pesados, mas ainda assim perdem por pouco para o Blue Cheer – diz a lenda que o vocalista do Iron Butterfly, Doug Ingle, estava tão bêbado quando gravou a música “In the garden of Eden”, que a faixa 6 passou a se chamar “In a gadda da vida”.

Seja como for, o primeiro álbum do Blue Cheer, “Vincebus Eruptum”, merece uma audição para conferir o verdadeiro marco zero do heavy metal.

Participando ativamente de projetos e programas de apoio à pesquisa sobre a doença em busca de novos tratamentos, abandonou definitivamente o mundo da música em 1989, já impossibilitado de tocar. Morreu em 1997, aos 51 anos.

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