Cena do Filme Batman - O Retorno: As HQs invadiram as telonas. |
ART ROCK MAGAZINE
Nos estados Unidos, a
indústria das HQs é frenética. Um mercado que movimenta milhões de dólares
anualmente. Mas não só com as vendas das revistas. Há uma cena maior, isto é,
feiras, licenciamentos de todos os tipos que conquistam pessoas de todas as
idades. Vale dizer que ultimamente, a indústria cinematográfica tem reservado
espaço vip para reprodução de filmes baseados nos personagens da Marvel e
DC Comics.
Os quadrinhos ganharam
novos traços e características. Se antes as personagens eram quase que na
totalidade masculinos, hoje não há apenas uma inversão, mas um acréscimo de
outras personagens (femininos) que revelam uma ideologia infiltrada nesse
segmento da cultura de massa. A mulher passa a ser vista não apenas como uma
reprodutora indefesa e dona do lar, mas conquistadora de seus direitos e
participativa na sociedade política e econômica. Se toda arte é política,
naturalmente, as HQs não se eximem disso. Dessa forma, consequentemente,
há muita ideologia nas HQs. Os grandes super-herois de alguma forma sempre se
mantém na linha a justiça vigente, que rege as sociedades ocidentais, são os
baluartes da justiça institucionalizada, mas não das desigualdades sociais.
Contra isso não há poder que dê jeito! Não há um superman para
isso...
Personagens revê o papel da mulher |
Há também um detalhe
muito curioso acerca dos quadrinhos que diz respeito à ambiguidade de toda
produção cultural, isto é, ao mesmo tempo em que leva à consciência; serve
também à alienação. Tema esse abordado com toda propriedade pelo escritor
italiano Umberto Eco no livro Apocalípticos e Integrados, onde o autor
discute as duas tendências dos intelectuais diante dos fenômenos de produção de
massa: os apocalípticos, defensores de uma cultura de elite, denunciam a cultura
de massa como forma de alienação e massificação; e os integrados, ao contrário,
a vêem como um fenômeno contemporâneo que deve ser considerado na sua novidade,
não podendo ser avaliada com padrões válidos para outro tipo de produção
intelectual.
Batwomen é lésbica |
Note o quanto Bruce
Wayne é diferente de Batman, quanto Clark Kent é diferente de Superman. Essa
duplicidade de alguma forma favorece a identificação do leitor com o herói, o
homem moderno recalcado que um dia sonha em ser o herói.
Outro detalhe é o
racismo nas HQs. Repare que não há herois negros. No passado, quando muito,
eram personagens terciários que apareciam nas histórias. Hoje, além das
personagens femininas de grande porte, a DC criou o Batwing, um
“batman negro” patrocinado pelo próprio Bruce Wayne que serve à justiça na
África. O homossexualismo também está presente. A personagem Kate Kane,
Batwoman, é lésbica. Selina Kyle, a Mulher-Gato, mantém uma relação paralela
com Lola, sua parceira, que morre assassinada em “A Sombra do Batman” nº2. E é
assim que novas ideologias se incorporam sutilmente na indústria cultural. Márcio Paula Moraes
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