sábado, 26 de janeiro de 2013

A nova estética das histórias em quadrinhos

Cena do Filme Batman - O Retorno:
As HQs invadiram as telonas.

ART ROCK MAGAZINE

Nos estados Unidos, a indústria das HQs é frenética. Um mercado que movimenta milhões de dólares anualmente. Mas não só com as vendas das revistas. Há uma cena maior, isto é, feiras, licenciamentos de todos os tipos que conquistam pessoas de todas as idades. Vale dizer que ultimamente, a indústria cinematográfica tem reservado  espaço vip para reprodução de filmes baseados nos personagens da Marvel e DC Comics.

Os quadrinhos ganharam novos traços e características. Se antes as personagens eram quase que na totalidade masculinos, hoje não há apenas uma inversão, mas um acréscimo de outras personagens (femininos) que revelam uma ideologia infiltrada nesse segmento da cultura de massa. A mulher passa a ser vista não apenas como uma reprodutora indefesa e dona do lar, mas conquistadora de seus direitos e participativa na sociedade política e econômica. Se toda arte é política, naturalmente, as HQs não se eximem disso.  Dessa forma, consequentemente, há muita ideologia nas HQs. Os grandes super-herois de alguma forma sempre se mantém na linha a justiça vigente, que rege as sociedades ocidentais, são os baluartes da justiça institucionalizada, mas não das desigualdades sociais. Contra isso não há poder que dê jeito! Não há um superman para isso...

Personagens revê o papel da mulher
Há também um detalhe muito curioso acerca dos quadrinhos que diz respeito à ambiguidade de toda produção cultural, isto é, ao mesmo tempo em que leva à consciência; serve também à alienação. Tema esse abordado com toda propriedade pelo escritor italiano Umberto Eco no livro Apocalípticos e Integrados, onde o autor discute as duas tendências dos intelectuais diante dos fenômenos de produção de massa: os apocalípticos, defensores de uma cultura de elite, denunciam a cultura de massa como forma de alienação e massificação; e os integrados, ao contrário, a vêem como um fenômeno contemporâneo que deve ser considerado na sua novidade, não podendo ser avaliada com padrões válidos para outro tipo de produção intelectual.

Batwomen é lésbica
Note o quanto Bruce Wayne é diferente de Batman, quanto Clark Kent é diferente de Superman. Essa duplicidade de alguma forma favorece a identificação do leitor com o herói, o homem moderno recalcado que um dia sonha em ser o herói.

Outro detalhe é o racismo nas HQs. Repare que não há herois negros. No passado, quando muito, eram personagens terciários que apareciam nas histórias. Hoje, além das personagens femininas de grande porte, a DC criou o Batwing, um “batman negro” patrocinado pelo próprio Bruce Wayne que serve à justiça na África. O homossexualismo também está presente. A personagem Kate Kane, Batwoman, é lésbica. Selina Kyle, a Mulher-Gato, mantém uma relação paralela com Lola, sua parceira, que morre assassinada em “A Sombra do Batman” nº2. E é assim que novas ideologias se incorporam sutilmente na indústria cultural. Márcio Paula Moraes


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